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terça-feira, 17 de maio de 2011

BRINCANDO COM O PENSAMENTO


Brincando com o pensamento
Arauto da divagação
Arrasto-o com o vento
Numa certa direcção.

Sopra; leva-o à paisagem
Onde com a brisa se fez
O levantar de uma aragem
Romanceada do Gerês.

Surgem os picos retalhados
Pela erosão que os cria
Parecem paineis pintados
Ou fragmentos de poesia.

Da vertente ao cume
Que espreita o abismo
Há na beleza um perfume
Com ledos sonhos de lirismo.

Vislumbro nas cumeadas
Ornamentos do relevo
Musas tão especadas
Nas ravinas com enlevo.

Na verdura da ladeira
Um fio de água se escoa
Para formar uma cachoeira
E o esplendor duma lagoa.


 Outeiro Alvo, Nevosa
Ou Comos da Fonte Fria,
Uma vista maravilhosa
Insinuada de poesia.

Nos penhascos cabra selvagem
Nos vales corsas em grupo;
Na toca espia a passagem
O lobo voraz e arguto.

Sinto que a aragem passou
Mudou de direcção o vento
As musas ao éden arrastou
Já não brinca o pensamento.

17-05-2011

AFONSO COSTA

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